sábado, 30 de agosto de 2008

Contra o jornalismo hediondo da Record (II)

Por que, agora (29/08/2008), o Jornal da Record(clique no link para ver a montagem feita pelo canal) produz uma matéria hedionda sobre o caso. [Agora, a Rede Record retirou o link da matéria hedionda da Internet- constatado em set/2009]
Uma série de ilações, insinuações, alegações sem a versão do denunciado (Pergunta: vale a pena participar ou responder a um tipo de jornalismo como esse?!). Documentos pinçados "cuidadosamente", alinhados e editados como foram todos os casos denunciados!

"Nova denúncia 'complica' a vida do médico?"
Mas já não tinha havido uma "nova denúncia" que já havia "complicado" a vida do médico anteriormente? Por que ninguém fala mais dela?

Podem falar de quantas "denuncias" forem! A questão é que um caso assim não se resolve na frente da tela da TV com repórteres que só pensam no espetáculo e que não seguem trâmites mínimos do direito processual!Fala quem quiser, o que quiser, a partir das "impressões" que os jornalistas publicam antes de checar!

A operação do paciente foi feita logo depois da organização da fila? [com pacientes questionando a sua mudança de posição na lista - Erro afasta coordenadora da Central de Transplante do Rio. Sim, ela mesma, aquela que sempre contestava o trabalho da equipe do Dr. Joaquim e era sempre usada como fonte!Vejam nesta mesma reportagem da Bandnews: A paciente que estava em 1º lugar na fila antiga passou para a posição 166. Como ela deve estar se sentindo? Como a família reagiria se suspeitassem que furaram fila?]

Mas esta família sabia que o Dr. Joaquim denunciou a não atualização dos exames dos pacientes na lista de transplante na frente do próprio subsecretário jurídico e de corregedoria da Secretaria de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro, Pedro Henrique de Masi Pinheiro? E que se alguém tivesse tomado uma providência naquela época, o transplante desse senhor já teria ocorrido, muito provavelmente. Quais serão as medidas do Ministério Público Federal com relação a ele? Veja a declaração do Dr. Joaquim em 1.1.2008:
Nós estamos acompanhando a paciente desde o início. Ela [Jânia Gomes]não deveria estar na posição 253. Provavelmente, ela estaria na posição 20, 25. Isso porque eles não estão atualizando os exames. Esse sistema de gravidade é dinâmico. Independente disso, nós, como médicos, temos o dever de colocarmos um órgão em um paciente que seja compatível?, protestou Ribeiro. Sidney Rezende. Rádio CBN 1.1.2008
(ver o caso de Jânia citada na matéria acima - no Domingo Espetacular pelo mesmo apresentador ou Jornal Nacional e manchete de O Dia).

O transplante foi feito no HGB, Hospital Geral de Bonsucesso?
Aquele de onde partiu a primeira denúncia contra o dr. Joaquim (caso de Jaime Ariston)?
Aquele que fez exames na paciente errada no transplante de rim recentemente noticiado nos meios de comunicação?
Aquele que é um exemplo de administração hospitalar pública?
Por que não escancararam os nomes dos médicos como fizeram com o Dr. Joaquim?

Como essa pauta chegou na redação?

Esse senhor transplantado deveria agradecê-lo e cobrar da Secretaria de Saúde e do Ministério da Saúde uma explicação para a demora na ação para acabar com a ineficiência da Central de Transplantes. Agradecê-lo por haver denunciado o problema de estabilização de pessoas com morte cerebral para a retirada do órgão na rede pública e o sucateamente da Central de Transplantes. A matéria do Jornal da Record mostra uma bela consciência pública da família do denunciador. Caso muito comum nos depoimentos que estamos vendo. Por que essa família não aciona a Defensoria Pública ou o Ministério Público pela ineficiência do setor de transplantes no Rio e pela completa desorganização da fila. Por que o jornal da Record não faz isso? Dá trabalho?

Não venha falar que isso é produto da Operação Fura-Fila, minha senhora. Não reflita pensando apenas no seu caso familiar, mas veja a atuação desse médico na luta por melhores polítícas públicas que atenderiam ao seu marido e a todos os pacientes da lista.

Essa ação foi absurda, sem amparo no Estado de Direito e truculenta!
Assunto que o jornalismo da Rede Record foge como do "diabo"!

Qual era a posição desse senhor na fila anterior e para qual posição foi depois da atualização dos exames? [ver o caso de Adriana]
Por que os jornalistas não checaram que fígado era aquele citado pela mulher do sr. transplantado?

A família ficou comovida com o caso de Jânia Gomes que em 1.1.2008 teve um fígado jogado no lixo? Choraram com ela? Pois quem era a equipe que fez de tudo para transplantá-la? A equipe do Dr. Joaquim Ribeiro Filho! Ela tinha dinheiro? Qual foi a impressão que tiveram daquele caso? Foram solidários?

Mais uma coisa apenas: O Dr. Joaquim não fez nada por essa família? E se o Dr. Joaquim mostrar que fez, qual deve ser o procedimento? O Jornal da Record pode dizer.
"Ficou a impressão" de que ele foi colocado para trás, disse a filha?!
Podemos dizer, publicamente, no Jornal da Record, qual foi a "impressão que ficou", para nós, do depoimento dessa família? Será que entenderam o papel que lhes foi reservado na reportagem?

Por favor, coloquem no ar: "Nós do Comitê de apoio ao Dr. Joaquim Ribeiro Filho, preso sem ter sido ouvido a pedido da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, linchado publicamente na Rede Record, temos a impressão de que os jornalistas do Jornal da Record não são profissionais sérios e são verdadeiros fura-filas da apuração." Daí, vocês dizem qual foi a impressão da emissora sobre o que falamos e nós pedimos um tréplica da impressão de vocês.
No final, fazemos uma grande reportagem sobre "impressões"!

A Rede Record poderia fazer uma "intimação" para o médico prestar "esclarecimentos" no ar. A equipe de jornalismo do Jornal da Record poderia levar os autos do processo com documentos e argumentos da defesa, mas achamos que a redação não entende nada de transplante ou de direito e isso prejudicaria o espetáculo.

Ele cobrava R$ 400,00 pela consulta?
Isso lá quer dizer alguma coisa, colocado fora de contexto?
Quanto pode custar a consulta de um dentista? Qual é a variação de honorários médicos na cidade do Rio de Janeiro?
Quanto custa uma consulta particular de outros cirurgiões?
Vamos fazer um ranking e quem passar de um valor X passa a ser suspeito e investigado?
Os médicos saem discutindo o quanto cobram por aí, nos jornais?
Por que justamente o Dr. Joaquim é exposto a esse tipo de coisa?
É ignorância ou má-fé?
Quantos pacientes ele atende gratuitamente?
Se havia outra possibilidade para consulta porque o paciente ficou com o médico?

A agenda era o "caixa" do médico?
A Rede Record joga isso no ar, sem contexto, como tudo nessa matéria, como se fosse prova de sua conduta irregular?
Algo que "complicaria" a situação do médico?
Ela fez isso por conta própria ou contou com ajuda de suas "fontes" competentes?
Quantos tipos diferentes de cirurgia podem ser realizadas por um cirurgião com 15 anos de carreira (internacional,inclusive)? Qual é o valor que pode ser estabelecido para cada uma delas (os jornalistas da Record poderiam usar o Cremerj como fonte)?
E se nos valores apresentados constarem também despesas?

Eram uma quadrilha e um esquema no começo. Recebiam propina de 250 mil! E o Ministério Público fez um acordo com uma quadrilha...Agora, sobraram dois casos... Mas como nada conseguem provar, o jeito é correr feito loucos atrás de uma "nova" entrevista que "complica a vida do médico"? Está faltando alguma coisa ainda para vasculhar e exibir ou precisam que a Polícia Federal prenda-o de novo? Querem participar ao vivo das escutas?

O procurador observa: havia "um quadro que sugere"? Se "sugere" investiguem e não mandem prender sem o contraditório, e não façam acordos com o que chamaram de "quadrilha" ou "esquema". Frases como essas servem muito bem para ser editadas de um modo que o sensacionalismo conhece bem. Talvez, procuradores devam ter o mesmo cuidado que os magistrados e seguir algo como o que foi sugerido, por um deles, ao Ministro Gilmar Mendes:
É louvável que o presidente do Supremo Tribunal Federal mantenha comunicação social fluida e moderna. Mas a habitual economia verbal dos magistrados não é um simples cacoete profissional nem está ultrapassada; é, antes, importante instrumento de legitimação do Poder Judiciário, pois evita a confusão entre opinião e julgamento. E a noção de que os julgamentos resultam de processos intelectuais mais rígidos e metódicos que as opiniões tende a ruir quando um magistrado de alta visibilidade emite, reiteradamente, opiniões que revelam, mais adiante, convergência com seus julgamentos. Quem quiser conhecer melhor o artigo e o seu autor veja este blog.

Talvez tenha sido uma montagem de alguém, uma edição de seus pensamentos fora de contexto ou coisa assim. Leiam a íntegra com cuidado, portanto. Que o outro lado possa se manifestar. Afinal, estão publicando tanta coisa sem checar.

Além disso, não foi esse mesmo procurador que considerou as acusações do delegado em 13/08 "graves", mas que não as usou porque "não havia provas"? Ele disse isso mesmo ou foi [mais um] um erro do jornalismo nesse caso. É o mesmo procurador que continua falando com a mídia sobre o caso?

O jornalismo da Record está virando o braço armado das autoridades. O braço armado de textos e imagens editados e sustentados somente em "versões" oficiais.
Um braço processado também.
Ver, ainda: Os crimes do sensacionalismo - Luís Nassif.

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