sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Quem, realmente, estava preocupado com o setor de transplantes no Rio.

Vejam a data da reportagem e as observações feitas pelo Dr. Joaquim Ribeiro Filho no que diz respeito ao sistema de transplantes do Rio. A matéria do RJTV é de 25/04/2007.
Quais foram as medidas tomadas pelo SNT, pela Secretaria de Saúde, pela Central de Transplantes e pelo Ministério Público Federal para resolver o problema?

Em 30/07/2008, os jornais e as autoridades acima falam do problema como se fosse novo e de responsabilidade do Dr. Joaquim Ribeiro Filho. Alguém denuncia a ineficiência do sistema e a não atualização dos exames na lista de pacientes para transplantes e é preso por "fraude"...

Sistema falho
Os problemas enfrentados pelo setor de transplantes do Rio - o estado é o oitavo do país em número de cirurgias.


Os problemas enfrentados pelo setor de transplantes do Rio de Janeiro - o estado é o oitavo do país em número de cirurgias e, segundo os médicos, a maior dificuldade está a captação dos órgãos.

A história de Cleyde Prado muita gente conhece. A filha Gabriela, de 13 anos, foi morta durante um tiroteio no metrô do Rio, quatro anos atrás. Mas pouca gente sabe de outro drama vivido pela família da jovem. Mesmo abalada com a tragédia, a mãe tentou doar os órgãos de Gabriela e não conseguiu.

“Quando cheguei ao Andaraí, a Gabriela tinha acabado de dar entrada, já tinha sido constatado o óbito e no corredor estava vindo uma moça de branco. Imaginei que fosse alguém do hospital e perguntei: ‘Posso doar os órgãos dela?’. Ela simplesmente disse: ‘Não’. E eu deixei para lá. Depois é que eu fui me informando e soube que depois do óbito você pode doar córnea, pele e ossos”, conta Cleyde Prado.

Ações eficazes na captação dos órgãos poderiam minimizar o problema de pacientes como o professor Lauro Rodrigues, que espera por um transplante de fígado há quatro anos.

“Com essa paralisação recente dos transplantes de fígado, eu não sei mais em que posição estou, porque algumas pessoas podem ter piorado e podem ter me passado na fila do transplante”, diz ele.

Segundo a Rio Transplante, cerca de 1.200 pessoas aguardam hoje na fila por um novo fígado. A prioridade no atendimento é para os casos mais graves. Com a média atual de sete cirurgias por mês, seriam necessários mais de dez anos para atender a essa demanda.

O número de transplantes de fígado tem sido baixo este ano: até o fim de março, foram apenas 22, 50 a menos do que o previsto, de acordo com a Rio Transplante, que gerencia as doações no Rio de Janeiro.

Em 2006, foram realizados no estado 101 transplantes de fígado, três vezes menos do que em São Paulo, no mesmo período.

Desde o ano 2000, o Rio mantém a média de 340 transplantes de órgãos por ano, sem contar as cirurgias de córnea, medula e de ossos. Mas a quantidade de pacientes só tem aumentado: há sete anos, eram cerca de quatro mil inscritos. Atualmente o número quase dobrou.

Os doentes renais enfrentam a maior fila de espera: são mais de três mil pessoas. O técnico em telecomunicações Carlos Leandro de Abreu aguarda há seis anos e tem esperança de que a cirurgia não demore muito mais.

“Se as pessoas que detectarem o problema e forem transplantadas o mais rápido possível, com certeza será muito melhor não sofrer esse processo todo penoso de espera”, comenta ele.


Joaquim Ribeiro Filho, coordenador de hepatologia da UFRJ, que até março foi coordenador do Rio Transplante, diz que não faltam doadores: “Ontem, por exemplo, foram desperdiçados dois pulmões, um pâncreas e um coração. Não há mais uma manutenção adequada desses doa[do]res. No Rio de Janeiro, há muito doador, mas estamos perdendo”.

Segundo a Secretaria de Saúde, a captação e a manutenção de órgãos no estado esbarram em dois problemas. As comissões intra-hospitalares seriam são pouco eficientes. Formadas por médicos, enfermeiros e assistentes sociais dos próprios hospitais, são a ligação entre as emergências ou unidades de terapia intensiva com a Rio Transplante.

Outra dificuldade apontada pela secretaria é manter o doador estável. Para preservar os órgãos, é necessário que o coração continue batendo, mesmo após a morte.

“Por falta de manutenção, de aparelhamento, de um pessoal capacitado e encarregado desse tipo de função”, afirma João Ricardo Ribas, da equipe de Captação de Órgãos do Hospital do Fundão.

“Devemos ter um trabalho dentro dos hospitais para que toda a equipe médica tenha conhecimento da obrigatoriedade de informar ao sistema de transplantes quando temos um caso de morte encefálica. Mas tudo isso tem que ser feito de maneira gradativa”, observa o secretário Estadual de Saúde, Sérgio Côrtes.

O coordenador do Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde está reunido no Rio desde ontem, com representantes de todo o Brasil. A idéia é unificar a política de captação de órgãos. O encontro vai até amanhã.

RJTV, 25/04/2007

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