1. Se o Rio tinha tantos problemas como os noticiados abaixo, problemas, esses, diversas vezes denunciados pelo próprio Dr. Joaquim, por que todos falam como se isso fosse a coisa mais nova do mundo? (Ver matéria de O Globo online de 16/05/2008
2. A pergunta é: por que demorou tanto tempo para se pensar em algo assim?
Se era tão baixa a captação, se a lista era furada e o Rio Transplante é uma caixa preta que ninguém sabe exatamento como funciona e o que faz, como alguém poderia fazer um transplante decente e saber exatamente qual era o seu lugar na lista? Quantos morreram por causa disso? Quantas crianças?
3. Agora... por que, justamente, o Dr. Joaquim, que denunciou várias vezes a situação do fundão e do Rio Transplante e denunciou, em 1.1.2008, ao subsecretário jurídico e de corregedoria da Secretaria de Saúde e Defesa Civil, Pedro Henrique de Masi Pinheiro (rádio CBN) a não atualização dos exames dos pacientes na lista de transplantes, foi preso?
4. Como disse Antonio Carlos Hummel (diretor de florestas do Ibama - também preso pela PF sem ser ouvido): Ser direito dá cadeia!
Até quando a inteligência da população do Rio de Janeiro vai ser subestimada assim?
11/08/2008 01:02:00
Plantão para salvar vidas
Com baixo índice de transplantes, Rio deve ganhar equipes especializadas em identificar doadores
[Ver artigo: O diagnóstico que a mídia não fez ]
André Bernardo
Rio - Aumentar o número de doações no Rio é uma das metas do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) para 2009. O índice de 5,1 doadores mortos por milhão de população (pmp), registrado pela Central Estadual de Transplantes no primeiro semestre do ano, está abaixo da média nacional (6,2 doadores pmp). Para reverter a situação, o governo federal pretende implantar no Rio equipes de procura ativa, que serão responsáveis por monitorar o quadro de pacientes com diagnóstico de morte encefálica e, principalmente, sensibilizar as famílias sobre a importância da doação de órgãos e tecidos. Como O DIA noticiou ontem, um único doador pode ajudar a salvar 25 pessoas.
“O ideal é que, em todo hospital de UTI e Emergência, exista uma equipe para checar se há paciente internado com quadro de morte encefálica. Se houver, essa equipe deve analisar os exames que confirmam o diagnóstico e providenciar testes para saber se o potencial doador tem alguma contra-indicação, como HIV ou hepatite e, principalmente, checar se a família já foi comunicada. Como há muitos pacientes em uma só UTI, não se pode esperar que o médico de plantão faça tantas coisas ao mesmo tempo”, esclarece Valter Garcia, presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).
Garcia explica que as equipes de procura ativa são inspiradas no modelo espanhol — o mais bem-sucedido do mundo — e já foram implantadas em alguns estados, como Santa Catarina e Rio Grande do Sul, recordistas em número de doadores por milhão de habitantes. Segundo ele, as equipes são multidisciplinares, formadas por médicos, psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais.
ESPANHA É MODELO
No primeiro semestre deste ano, o Brasil registrou discreto aumento no número de doações em comparação ao mesmo período de 2007. Ano passado, o índice de doadores por milhão de população era de 5,4. Hoje, o país atingiu o patamar de 6,2. “O Ministério da Saúde pretende chegar a 7,5 doadores pmp e, dentro de dois anos, atingir a casa de 12 doadores pmp. Mesmo assim, o número ideal é o da Espanha, que é de 35 pmp”, afirma Abrahão Salomão Filho, coordenador do Sistema Nacional de Transplantes (SNT).
Alguns estados, como Rio, Paraná e Mato Grosso, estão abaixo da média nacional. Para Hellen Miyamoto, superintendente de atenção especializada da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, falta uma campanha constante na mídia para conscientizar as famílias da importância da doação de órgãos. “Cerca de 40% das famílias dizem não quando abordadas pelos médicos. Por isso, estamos formando equipes para ensinar os profissionais que atuam nas emergências e UTIs a abordar as famílias num momento tão delicado”, adianta Hellen.
No Fundão, procedimento está parado
O setor de transplante no Rio, principalmente o hepático, enfrenta uma grave crise. Um dos quatro hospitais do estado autorizados a realizar transplantes de fígado, o Clementino Fraga Filho (Fundão) suspendeu consultas, exames e cirurgias em 7 de abril devido à burocracia. Em maio, cinco pacientes morreram na fila, conforme O DIA noticiou dia 1º de julho. No mesmo período, outros cinco deixaram de ser transplantados, apesar de terem surgido doadores.
A situação só foi normalizada em 11 de julho, quando Lilia Maria Borges conseguiu ser transplantada. Desde então, porém, a Central de Transplantes do Estado não conseguiu captar mais nenhum fígado. Dia 30 de julho, o ex-chefe da equipe de transplante do Fundão, Joaquim Ribeiro da Silva, foi preso acusado de burlar a ordem da fila de espera mediante pagamento de certos pacientes.
Entenda a crise que atinge o Hospital do Fundão
Publicada em 16/05/2008 às 14h02m
O Globo Online
Salas têm vazamento no Hospital do Fundão / Foto: Carlos Ivan
RIO - Houve um tempo em que o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (Hospital do Fundão) era referência para a população e chegava a atender, por mês, a 25 mil pacientes. Nos últimos tempos, porém, vem passando por uma de suas piores crises, que culminou no dia 5 de maio, com o desabastecimento que levou a direção a suspender a realização de transplantes e a iniciar o fechamento de leitos. Referência nacional em procedimentos de complexidade, como o transplante de fígado, o hospital é vinculado ao Ministério da Educação e ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Nesta semana, a direção do hospital acertou com a prefeitura do Rio um aumento de aproximadamente R$ 500 mil mensais no repasse de recursos vindos do Sistema Único de Saúde (SUS). A unidade não tem orçamento próprio e vive da prestação de serviço. Antes, eram repassados até R$ 1,8 milhão por mês para procedimentos de alta complexidade. Segundo a direção, o hospital recebe por uma tabela estabelecida em 2004, o que ocasionou uma dívida que já gira em torno de R$ 10 milhões. Com o novo acordo, o teto foi elevado para R$ 2,35 milhões. Segundo o diretor-geral do hospital, Alexandre Cardoso, não houve reajuste. O aumento será recebido caso mais serviços sejam prestados. O diretor afirma que o aumento não garante a retomada dos serviços suspensos.
- Cerca de 40% dos nossos pacientes vêm de outros municípios. O atendimento de alta complexidade é nossa função. Mas também há o de média complexidade para pessoas de outras cidades. Esses municípios poderiam colaborar - afirma o diretor.
Buracos no teto em salas de atendimento / Foto: Carlos Ivan
Os alunos disseram que estão com dificuldades de acompanhar exames com os residentes, porque não há material. No laboratório comum do hospital já há um cartaz dizendo que não é feita mais a coleta de sangue. Há material para coletar sangue para mais dois dias, mas só de pacientes com problemas crônicos de extrema gravidade. As cirurgias não estão mais sendo marcadas. Dos cerca de dez equipamentos de raio-x, só há um funcionando e de maneira precária.
Há equipamentos enferrujados e abandonados. A escada rolante não funciona. Há infiltração no teto e a parte que caiu não foi reposta. A iluminação é precária.
Segundo a direção, a unidade está passando por um processo de endividamento e sucateamento.
- Essas dificuldades não são de hoje, de agora, e precisam ser enfrentadas de maneira adequada. É urgente, necessário e fundamental que haja recursos diferenciados para o hospital universitário - defendeu o diretor geral do hospital, Alexandre Pinto Cardoso.
O médico residente do serviço de cirurgia geral Felipe Victer descreveu como está a situação no hospital:
- A situação é desesperadora. Nós, médicos residentes, estamos em uma situação em que tentamos brigar pelos pacientes, brigar para conseguir material. Temos que ver todo dia de manhã qual será a previsão de material, para conseguirmos realizar as cirurgias. Para os pacientes que estamos atendendo estamos conseguindo dar o melhor possível. Infelizmente, temos uma fila e essa fila vai ficar parada para o atendimento. Tanto dos pacientes clínicos, que não vão poder ser internados para fazer investigações clínicas e certos exames mais complexos, quanto dos pacientes cirúrgicos, que vão continuar aguardando na fila. Tentamos dar prioridade a pacientes com câncer e pacientes de maior gravidade.
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