12/08/2008 17:50:00
Pacientes protestam em favor de médico acusado de desviar fígados
Beatriz Salomão
Foto: Beatriz Salomão / Agência O Dia
Rio - Com faixas que diziam: “ Transplante é vida” , “Queremos nossos médicos de volta” e “ Queremos viver", cerca de 50 pessoas ligadas à ONG Amigos do Transplante fizeram uma manifestação nesta terça-feira em favor do médico Joaquim Ribeiro Filho, ex-chefe da equipe do Hospital Clementino Fraga Filho (Fundão). O ato de desagravo começou às 11h, em frente à unidade.
Os manifestantes, a maioria transplantados, pediam a volta do cirurgião e da equipe que operava no Hospital do Fundão. Panfletos e um dossiê com depoimentos, matérias e um abaixo-assinado foram entregues. Joaquim Ribeiro foi preso no dia 30, na operação Fura-Filas da Polícia Federal, acusado de desviar fígado para beneficiar pacientes.
Ainda com a máscara, Lilia Maria de Souza, de 23 anos, participou da manifestação, que aconteceu no dia em que ela completou um mês de transplantada. Apesar da felicidade por ter recebido um fígado novo, ela disse ter ficado bastante chocada quando soube da prisão do médico, por quem tem um carinho especial.
“Ainda existe uma fila enorme que precisa do doutor Joaquim e da sua equipe. Ele não pode ficar parado. Os médicos do hospital estão abatidos e tristes por estarem sendo tratados como criminosos”, declara, acrescentando que Joaquim nunca falara sobre dinheiro com ela.
O gerente de estoque Evandro dos Santos, 52, também integrou o coro em defesa ao doutor Joaquim. Transplantado em 2006 por causa de quatro tumores no fígado, ele conta que ficou dois anos e meio na fila e que deve muito à equipe do médico. “ Isso é perseguição política. Joaquim é uma pessoa digna, acima de qualquer suspeita. Temos que nos ajoelhar e estender um tapete vermelho para ele e toda equipe”, defende.
A atual primeira paciente da fila de transplantes, a fisioterapeuta Elaine da Silva, 30, confessa ter ficado preocupada com o afastamento do médico cuja equipe a acompanhava. Ela disse não ter recebido informações a respeito de quando e onde será realizado seu transplante. “ Quero que a situação melhore o quanto antes porque quem sofre é quem está na fila. Gostaria de ser operada pelos médicos que me acompanham”, afirma a paciente que possui uma liminar para ser operada em qualquer hospital do estado.
O irmão do médico, o engenheiro André Freitas Ribeiro, 45, disse que Joaquim está em casa, ainda sem atender. Além disso, o engenheiro defendeu a inocência de Joaquim dizendo que não há provas que condenem o irmão. Ele lembrou que, enquanto Joaquim era chefe do Rio Transplantes, as captações eram maiores dos que as atuais.
“Arraes (Carlos Augusto Arraes) está vivo graças ao meu irmão. O fígado que ele recebeu iria para o lixo. Meu irmão não vendeu o órgão para ele”, afirma, negando que Joaquim tenha recebido R$250mil pelo órgão do filho do ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes. “A Polícia Federal divulgou de forma irresponsável informações mentirosas. A gente passa na rua e o Joaquim é o maior criminoso do Brasil”, conclui.
Para os membros da Amigos do Transplante, a melhor defesa de Joaquim será mostrar a forma ineficiente com que ocorre a captação de órgãos no estado. Os cartazes feitos pelos pacientes seriam entregues ao doutor Joaquim ainda nesta terça-feira.
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