sábado, 26 de setembro de 2009

"adjetivações, especulações e excessos" - desagravo ao Dr. José Camargo

Leiam entrevista do Dr. José Camargo para O Globo ("Idéia de compra de órgão é fantasiosa, diz especialista em transplantes- Publicada em 31/07/2008 às 21h29m
Patrícia Sá Rêgo - O Globo Online
)
Agora, vejam um trecho do que o procurador do MPF, Marcelo Miller, disse sobre essa entrevista a O Globo em 01/08/2008[clique no link para ver a íntegra]:
"A denúncia não imputa aos acusados venda de órgãos, e sim preterição da lista única em sua destinação. De todo modo, a qualificação como fantasiosa da hipótese de compra de órgãos não se coaduna com elementos de prova, inclusive testemunhal, que têm sido colhidos nas investigações, a que não se tem notícia de que o cirurgião José Camargo tenha tido acesso. O direito de opinar é de todos, leigos ou especialistas, mas dos especialistas é razoável esperar maior medida de precaução analítica e de zelo com a linguagem, principalmente com adjetivações, especulações e excessos".

Digitem a palavra "PROCURADOR" no sistema de busca do blog e tirem suas próprias conclusões sobre quem deveria ter tido zelo com a linguagem nessa história toda
Vejam se é o mesmo procurador que disse na Revista Piauí (número 25, outubro de 2008):
“Não excluo até a motivação nobre dos que não querem desperdiçar os órgãos. O problema é que, ao fazer isso, eles transgridem a lei, e isso é crime. É estreito pensar que houve uma motivação axial para o dr. Joaquim e a sua equipe. Ah, ele queria dinheiro! Ah, ele queria prestígio! Não é simples assim.

O procurador está tomando esse cuidado com a linguagem para falar de "vendedores" de órgãos?
Mas, o procurador estava dizendo que havia "elementos de prova" sobre "compra" de órgãos...


Depois de tanto tempo lutando para mostrar os abusos do delegado da PF e do procurador do MPF nesse caso, esperamos que os "bons" advogados do médico (que o procurador tanto menciona) tomem as providências junto à corregedoria do MPF para que se esclareça exatamente "com maior precisão analítica e de zelo com a linguagem" quem cometeu "adjetivações, especulações e excessos" e quem, na verdade, era o especialista nessa história.

Apreciaríamos, muito, uma manifestação pública do Ministério Público sobre as muitas questões levantadas, aqui, a respeito da atuação de seus procuradores no caso do Dr. Joaquim Ribeiro Filho e de sua equipe

P.S.: Do procurador para a Revista Piauí (número 25, outubro de 2008):
Miller disse estar seguro das acusações. “Nunca denunciei com tanta prova, com tanta certeza”, disse.

Estamos vendo... Onde está o "esquema", os "comparsas", a "compra de órgãos"? Nem ele mesmo fala mais disso!

A ação do procurador incomoda mais pelo que silencia: o modo como as coisas são feitas no Rio "onde tudo é meio desorganizado, tem pouca fiscalização, onde a cultura da exceção é a regra", diz ele. É muito eufemismo e condescendência com os "poderosos", não?!. Qual é a responsabilidade da Central de Transplantes e da Secretaria de Saúde do Rio nesse "meio desorganizado" e nessa "cultura da exceção"?

Como diz Heliete Vaitsman: "Quem é generoso com os cruéis acaba sendo cruel com os generosos, diz o ditado."
(Ver artigos de Heliete Vaitsman sobre o caso)


Na verdade, a única certeza que temos é a de que presenciamos um linchamento midiático no qual o procurador foi um dos mais ativos protagonistas. E temos sérias dúvidas: é esse o papel dos procuradores do Ministério Público Federal?

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