quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Perguntas ao procurador

Se o caso do Dr. Joaquim e sua equipe "não é tão simples assim", como diz o procurador na reportagem abaixo, e sabendo que o médico já havia demonstrado sua inocência diversas vezes na Justiça e no Cremerj, por que mandar prendê-lo?

Quem chamou sua equipe de "quadrilha" e os médicos de "comparsas" e quem fez um "acordo" repentino e inexplicável com os médicos "comparsas" e "quadrilheiros"? Um acidente de automóvel poderia ter sido punido com mais rigor que o utilizado contra os supostos membros da "quadrilha". Estranho, não?!

"Se o dr. Joaquim fosse um qualquer, certamente estaria preso, arrasado, mas é alguém com muita influência, com muitas relações”. Pois, então, diga, sr. procurador: quais são essas relações e o que elas fizeram pelo Dr. Joaquim? Ter um bom advogado é uma delas?! O procurador adoraria se fosse um mau advogado, pelo jeito! Ele teve seu habeas-corpus reconhecido por unanimidade no TRF. Quais são as relações do Dr. Joaquim e seus advogados com os desembargadores? Seria importante que o procurador dissesse com todas as letras! E, por dever de profissão, provasse o que fala!!!

O delegado da PF fala em uma ação para beneficiar o médico, mas porque o procurador não usou isso em sua denúncia? Ele mesmo diz: não havia provas. (Ver: Abafar o quê?!)

Segundo ele, a Globo protegeu o médico a pedido da família Arraes. Então vejam o absurdo que o RJTV mandou ao ar e que aproveitadores fizeram questão de colocar no Youtube para atacar a honra do médico. A Globo deveria ficar arrependida da matéria que colocaram no ar. Coisas sem sentido, coisas de quem não tinha a mínima idéia do que é uma lista de transplante.

Acreditamos que o procurador deve ter adorado as reportagens "extremamente corretas" do jornalismo hediondo da Record. Gostaríamos de saber quem enviou as imagens dos documentos apreendidos na casa do médico e mostrados na televisão. Edições "armadas" (o pacto da truculência midiática), como denunciamos.

A secretaria de saúde do Rio e a central de transplantes não teriam nada contra ele. Por isso, foram incansáveis na tentativa de retirá-lo do transplante com portarias arbitrárias derrubadas na Justiça. Já que foram tão determinados na investigação contra o médico, a secretaria já têm o resultado da troca de pacientes em transplante de rim autorizado pela Central de Transplantes? O HGB já foi citado? O Ministério Público Federal e a Polícia Federal estão interessados?

“É evidente que é melhor implantar o fígado em alguém do que ele não ser aproveitado. Nesse caso, no entanto, não temos certeza de que o órgão iria para o lixo. Não sabemos se ele foi oferecido para todo mundo."(Helen Myamotto - coordenadoria do Rio Transplante). O certo seria esperar a câmara técnica que nunca se reunia e a "eficiência" do Rio Transplante denunciada em O DIA? (Ver: "Algumas perguntas sobre a Câmara Técnica e a Central de Transplantes")

Por que o procurador quer investigar alguém que, segundo ele, fazia o que queria no transplante porque no Rio "tudo é meio desorganizado" (palavras e eufemismos seus) e não investiga os responsáveis pela desorganização? Quem causa mais prejuízo à saúde pública e à vida das pessoas?
Agora, nem o procurador acredita que sejam uma "quadrilha"... É realmente curioso... (ver reportagem abaixo)

O médico foi ouvido em 2005 sobre o primeiro caso?! Recebe nova acusação, é alvo de escutas e não pode mais se defender. O que o procurador está dizendo? Mande prender, então?! Caso resolvido?!Pois, se fosse pelos autos do primeiro caso, ele estaria absolvido e não sendo alvo de perseguição como essa! É clara a insatisfação do procurador em não conseguir vê-lo "arrasado"... Seria muito melhor se ele não tivesse "boas relações" (que alguns, também, costumam chamar de Justiça).

Quem parece ter ajuda implacável e "relações" foram o procurador e o delegado, que tiveram a mídia toda à sua disposição para publicar tudo o que dissessem e um pouco mais. Isso são relações!!! Relações que um bom jornalista teria muito cuidado em manter! (Uma pergunta: quem chamou a mídia para registrar com detalhes a prisão e preparar o espetáculo para o jornalismo hediondo?)


Ribeiro sabia que estava sendo investigado. E, apesar de ter enviado duas petições pedindo para depor no processo, a polícia não quis ouvi-lo, mesmo tendo interrogado todos os médicos de sua equipe, pacientes e várias outras testemunhas. A seção fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil emitiu uma nota dizendo que a PF cometeu uma falta que poderia provocar a anulação do processo. “Ele foi ouvido em maio de 2005 sobre o caso Ariston, não precisava falar de novo”, disse o procurador Marcello Miller.
(...)
No seu gabinete, no centro do Rio, o procurador Marcello Miller comentou as diferenças entre um e outro ponto de vista, e as relacionou com as atitudes de Joaquim Ribeiro. “A mim não interessa se o critério da fila é certo ou errado, se tem que ser mudado ou não”, disse ele. “Não excluo até a motivação nobre dos que não querem desperdiçar os órgãos. O problema é que, ao fazer isso, eles transgridem a lei, e isso é crime. É estreito pensar que houve uma motivação axial para o dr. Joaquim e a sua equipe. Ah, ele queria dinheiro! Ah, ele queria prestígio! Não é simples assim. No caso deles, começou com uma atitude respaldada pela realidade do Rio, onde tudo é meio desorganizado, tem pouca fiscalização, onde a cultura da exceção é a regra. E assim eles foram ampliando a ação, sentindo-se donos da coisa. Quando se viu, eles estavam fazendo o que queriam com os fígados.” Miller disse estar seguro das acusações. “Nunca denunciei com tanta prova, com tanta certeza”, disse. “Se o dr. Joaquim fosse um qualquer, certamente estaria preso, arrasado, mas é alguém com muita influência, com muitas relações”, afirmou. O procurador aludia ao fato de o irmão e advogado do médico, Paulo de Freitas Ribeiro, ter entre seus clientes, bancos, como o Fonte-Cindam, de Salvatore Cacciola, empresas de telefonia e a própria Globo.
(...)
Em uma tarde de setembro, a nova coordenadora do Rio Transplante, Hellen Miyamoto, que assumira o cargo um mês antes, respondeu ao repto de Ribeiro: “É evidente que é melhor implantar o fígado em alguém do que ele não ser aproveitado. Nesse caso, no entanto, não temos certeza de que o órgão iria para o lixo. Não sabemos se ele foi oferecido para todo mundo. O que consta é que o dr. Joaquim disse que iria buscar o fígado para o primeiro paciente do Fundão, e não para um particular. Com isso, o órgão deixou de ser oferecido a outras equipes. Pode ser que algum outro hospital pudesse ter dado um jeito de pegar o órgão.” (Revista Piauí. outubro 2008)

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