Pouco a pouco e também muito a muito me aconteceu a vida, e que insignificante é este assunto: estas veias levaram sangue meu que poucas vezes vi, respirei o ar de tantas regiões sem guardar para mim uma amostra de nenhum e afinal de contas já o sabem todos: ninguém leva nada de seu e a vida foi um empréstimo de ossos.
O belo foi aprender a não se saciar da tristeza nem da alegria, esperar o talvez de uma última gota, pedir mais ao mel e às trevas. Talvez fui castigado: talvez fui condenado a ser feliz. Fique afirmado aqui que ninguém passou perto de mim sem me compartir...
(A Lua no Labirinto: pleno outubro - Pablo Neruda)
In memoriam
Lilia Borges e Carlos Augusto Arraes
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