quinta-feira, 9 de abril de 2009

Por que eles entraram no caso?

O médico passou seis meses sendo acusado de formação de quadrilha, participante de um "esquema" de desvio de órgãos, recebimento de propina, concussão e corrupção passiva, enriquecimento ilícito e até venda de fígado para sabermos que o Ministério Público Federal o acusou, na verdade, de PECULATO E FALSIDADE IDEOLÓGICA. E que ele foi preso por POSSÍVEL OBSTRUÇÃO À INVESTIGAÇÃO, porque ele e os médicos da equipe tinham o mesmo advogado, o que nem sequer é proibido pela lei. Mas quando ele foi preso, não foi isso que o Ministério Público Federal e a PF explicaram aos jornais sedentos de sensacionalismo. Esse encontro entre midía, MPF e PF sem controle de órgãos corregedores dá nisso. UMA MÁQUINA DE LINCHAMENTO.

A máquina de linchamento midiático mostrou sua força. Uns, fazem de conta que não participaram disso e amenizam muito as acusações ao médico. Outros requentam leads mal-feitos e oportunistas de um oficialismo assutador. Escândalo barato!

O Estado policialesco-midiático criado pela ação da PF, no caso, valeu-se de recortes muito seletivos de escutas telefônicas, mas não lhe deram a minima chance de se defender ou exigir um mínimo de provas objetivas sobre aquilo de que o acusavam. Foi preso sem ter sido ouvido. Arbitrariamente!

Os alvos da escuta estavam em que condições? Desafetos? Pessoas sob pressão de longos interrogatórios? Em longas horas em que o médico era acusado o tempo todo em sua frente como se fosse um bandido? Alguém da imprensa teve acesso a isso. A Revista Época publica trechos de gravações, mas não ficamos sabendo quem são seus autores e, mais uma vez, em que condições aquilo foi dito. Mas a PF deve ter dito que era tudo verdade e a ânsia de escândalos fez a sua parte.

Mais uma pergunta: POR QUE A POLÍCIA FEDERAL ENTROU NO CASO DAQUELA FORMA?
Por que não esperar até que a defesa na Justiça Federal se desenvolvesse? Que a investigação e até as escutas ocorressem para que o MPF apreciasse a "qualidade" do "material"?
Resposta:
O médico já havia sido condenado, essa é a verdade! A Polícia Federal não entrou para investigar.

O pedido de prisão foi por "possível" obstrução à investigação. Mas depois de preso e silenciado, a PF e o MPF (e a imprensa) soltaram o verbo com determinação(quadrilha, esquema, enriquecimento ilícito, concussão, desvio e venda de fígado etc). Ele foi acusado de tudo o que se podia imaginar. Recentemente, o procurador (na Revista Piauí) parece ter mudado de posição. Voltamos ao ponto inicial antes da entrada da PF. É difícil de entender.

Fica a questão: QUAL FOI O VERDADEIRO PROPÓSITO DA PRISÃO se o MPF, na verdade, o denunciou por Peculato e Falsidade Ideológica e ele poderia seguir defendendo-se como é de direito (como sempre fez)? Se o MPF fez um acordo (até agora sem explicação) com o aqueles acusados de "formação de quadrilha"?

Não achando provas objetivas para incriminá-lo, bastava prendê-lo e vazar escutas seletivamente escolhidas a pronta entrega para as manchetes e dar muitas, mas muitas, "declarações". Além disso, vazar documentos apreendidos na casa do médico para as imagens e edições de TV(queremos muito que se faça logo uma perícia nesses documentos vazados à TV Record e seu jornalismo hediondo).

Sempre assim, a mídia entra sempre com os seus: "o delegado ou a PF disse". E eles abriram o verbo incansavelmente. Fato consumado. Era o que pensavam...

Ver: Élio Gaspari "PF insiste no autoesculacho" (12/4):
A Polícia Federal sabe que não deve vazar informações de inquéritos, muito menos documentos que não querem dizer nada. Admita-se que uma compulsão exibicionista estimule até mesmo fotografias de objetos de uso doméstico de diretores da Camargo Correa, como um horrível cortador de charutos. Daí a se transformar um documento oficial e legítimo em veículo de suspeita vai enorme distância.

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