O jornal O DIA foi um dos que participaram do linchamento público do Dr.Joaquim Ribeiro Filho quando ele estava preso e silenciado. Parece que, agora, começa a entender quem estava do lado dos pacientes e da fila da vida.
Um homem que salvava vidas, agora, deve ficar longe do sentido de sua vida.
Para a Polícia Federal e o Ministério Público foi muito fácil mandar prender o médico...mas estamos esperando a manifestação dessas instituições sobre casos como esses publicados nos jornais.
O Hospital do Fundão agonizando, órgãos desperdiçados...
e o Ministério da Saúde que acabou de anunciar medidas para a melhoria do setor de transplantes?
O que tem a dizer? Que investigações se dispõe a realizar?
Quanta tolerância, quantos prazos para regularização da situação...
Dizia-se que o problema era com a lista, não?! Mas, no discurso oficial, estava tudo resolvido, não?! Onde está o problema, agora?
Era bem mais fácil acusar o médico, não?! Investigá-lo, infernizar sua vida profissional, cercá-lo, grampeá-lo, persegui-lo, denunciar sua equipe (e depois fazer acordos sem explicação plausível)...
E a imprensa? Quais são os nomes dos responsáveis por esse desperdício de órgãos?
O que aconteceu com a apuração de responsabilidade da antiga coordenadora do Rio Transplante sobre a troca de pacientes noticiada pela imprensa?
Como o tratamento é diferente daquele dado ao Dr. Joaquim Ribeiro Filho, não?!
Veja reportagem publicada apenas pelo jornal O DIA
01/11/2008 00:49:00
Fim da esperança de doar
Após uma semana, coração de rapaz com morte encefálica pára e órgãos não podem ser aproveitados
Pâmela Oliveira
Rio - Após uma semana de espera, chegou ao fim a esperança da família do motorista Marcos Vinícius Rojas Arêas de doar os órgãos do rapaz. Morador de Maricá, 26 anos, ele sofreu acidente de carro sexta-feira da semana passada e, desde então, a família tentava fazer a doação. O jovem tinha diagnóstico de morte encefálica. Antes da conclusão dos exames e procedimentos necessários à doação, o coração de Marcos Vinícius parou e a família não conseguiu cumprir o desejo expresso dias antes do acidente: ser doador.
“A família está muito abalada. A mãe está arrasada porque até o último momento ela ainda tinha a esperança de doar. Hoje, depois de todos os problemas, já estava tudo certo, o hospital tinha conseguido fazer o exame que confirmava a morte cerebral, já tinha tirado sangue e enviado para o Hemorio fazer os exames, mas o coração dele parou. Tudo foi muito demorado”, disse a tia de Marcos, Marilene Tavares Arêas.
Internado no Hospital Municipal Conde Modesto Leal, em Maricá, desde o dia do acidente, o primeiro exame necessário para a confirmação da morte encefálica só foi feito quarta-feira e o resultado ficou pronto ontem, conforme mostrou O DIA. Diretor do hospital, José Luiz Franco Santos disse que o feriado atrasou a realização do exame, feito por uma clínica conveniada.
Mãe de Marcos Vinícius, Nádia Gimenez Rojas, 55, contou que o filho, que fez 26 anos dia 18, disse na festa de aniversário que gostaria de ser doador caso ocorresse uma fatalidade. Em março, Jonatan, 18, irmão de Marcos morreu após sofrer um acidente de moto. Mas a doação não foi possível devido à gravidade do acidente. “Gostaria muito de ter conseguido doar porque queria saber que meu filho continuava vivendo, se divertindo em várias pessoas”, disse, antes de saber da morte.
Segundo o governo do Estado, quando coração do possível doador parou os procedimentos determinados por lei para confirmação de morte cerebral tinham sido concluídos, e estava sendo feito exame que iria determinar que unidades fariam a captação dos órgãos.
INQUÉRITO INVESTIGARÁ O CASO
Presidente da Associação Doe Fígado, que reúne pacientes que necessitam que um transplante hepático, Carlos Roberto Cabral procurou ontem o Ministério Público Federal para pedir uma investigação sobre as circunstâncias que impossibilitaram a doação dos órgãos de Marcos Vinícius.
“O que aconteceu foi imperdoável. A demora foi muito grande. O coração do paciente se manteve batendo por uma semana após a morte cerebral e ainda assim a captação não foi feita. A fila de órgãos é enorme e perdemos a chance de ter um doador sadio, que provavelmente poderia ter ajudado várias pessoas. Isso não pode acontecer”, disse Cabral.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil, 6.350 pessoas esperam por um transplante no estado.
Presidente regional da Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote), Rafael Paim criticou a longa demora entre a suspeita de morte encefálica e a conclusão dos procedimentos necessários para confirmação do diagnóstico — fundamental para que ocorra a captação. “Fica clara a falta de recursos para viabilizar a doação. O hospital diz que não tem condição de fazer os exames, pede apoio à Central Estadual de Transplantes, que diz que não pode fazer. E mais uma captação deixa de ser realizada. Isso faz muitas famílias desistitirem da doação”, disse.
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