Jornal do Brasil
17/10/2006
Rio
Rio é o 10º Estado em doações
Felipe Sáles
Reféns da displicência médica e do caos das emergências hospitalares, os transplantes estão numa encruzilhada: ao mesmo tempo em que se luta para aumentar as doações, bastam mais 10% de pacientes para que a fila de transplantes entre em colapso, conforme estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A fila cresceu 56% nos últimos cinco anos e, segundo o Ipea, a tendência é de aumento devido ao envelhecimento da população, maiores incidência de doenças crônicas e precisão nos diagnósticos. De acordo com o médico Joaquim Ribeiro Filho, diretor do Rio Transplante central estadual do Sistema Nacional de Transplantes, órgão do Ministério da Saúde mensalmente há um acréscimo de cinco pessoas na fila. Mas a implantação, há dois
meses, de um novo método no transplante de fígado passou a dar prioridade a pacientes em estado grave.
Quem não está em situação grave sequer entra na fila. É uma demanda muito grande de casos emergenciais diz Joaquim.
O principal problema, porém, é a estagnação (ou regressão) das doações. Enquanto a fila anda, a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos acionou o sinal vermelho: o Rio está em 10º lugar no número de doações. Os motivos são diversos.
Um dos principais é a subnotificação quando os hospitais avisam tardiamente ao Rio
Transplante os casos de morte encefálica. A recusa familiar corresponde a mais de
40% das não-doações.
Os parentes peregrinam por três, quatro hospitais até conseguir atendimento. Quem vai querer doar diante de tanto descaso? pergunta Joaquim. Há ainda problemas como a ausência do Banco de Olhos fechado desde abril pela Vigilância Sanitária e as lendas urbanas em torno do tema. Apesar de ser o 10º Estado no ranking de doações, o Rio é o segundo colocado no número de equipes: são 118 em todo o Estado contra 455 em São Paulo o primeiro do ranking. Assistente social da área de transplante renal do Hospital Geral de Bonsucesso, Vanda Regina Briggs desenvolveu na prática os métodos próprios de abordagem. Segundo Vanda, há um único momento propício para falar de transplante: os segundos
que separam o impacto da notícia e as providências a serem tomadas com o corpo.
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