Veja entrevista para Sidney Rezende na CBN em 1.1.2008 (você não vai conseguir encontrá-la de outro modo)
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Governo diz que fígado não servia para transplante
Da Redação | Rio+ | 01/01/2008 11:17:00 | DiHitt: indicar
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O coordenador de transplante de fígado do Hospital do Fundão, no Rio de Janeiro, Joaquim Ribeiro, acredita que a paciente Jânia Gomes, que está na fila de espera para um transplante, perdeu a sua última chance de sobrevivência. Tudo, segundo ele, por causa de uma disputa com o Rio Transplante, programa da Secretaria de Estado de Saúde para implementar e coordenar o processo de transplantação no Rio de Janeiro.
Jânia está na fila por um doador de fígado há quatros e, no domingo, recebeu um telefonema do hospital da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que teria encontrado um doador, no caso uma criança de cinco anos, de São Paulo, vítima de morte cerebral. No entanto, o transplante não aconteceu e o fígado foi jogado no lixo.
Para Ribeiro, houve incompetência e ineficiência dos responsáveis. ?O estado dela é grave e, provavelmente, ela vai morrer sem esse transplante?, afirmou o coordenador, em entrevista a Sidney Rezende, na CBN.
O subsecretário jurídico e de corregedoria da Secretaria de Saúde e Defesa Civil, Pedro Henrique de Masi Pinheiro, escolhido pelo governo para falar sobre o assunto, explicou que a criança tinha sorologia positiva para hepatite e que a maioria das equipes não faz transplante nessas condições.
?Minas, São Paulo e Espírito Santo não concordaram em fazer o transplante com o fígado nessas condições. Primeiro, foi chamada a equipe de Bonsucesso, mas eles não aceitaram fazer a operação com esse órgão. Então, a equipe do Fundão aceitou e eles foram lá para coletar o fígado. Chegando lá, o médico falou que havia se enganado, que ele pensou que a criança tinha 27 quilos?, disse ele, também em entrevista a Sidney Rezende na CBN.
?Acontece que, segundo os técnicos da Central de Transplante, ele tinha sido avisado que o peso da criança era de 17 quilos. Então, ele não poderia usar em um paciente de número 26 e levantou que poderia usar em um paciente de número 253, que era a senhorita Jânia?, completou.
No entanto, Ribeiro afirma que o erro foi do Rio Transplante e responsabilizou diretamente a atual coordenadora, Ellen Elizabeth Macedo Barroso, pelo fato de o órgão ter sido jogado fora.
?Ela disse que a nossa equipe está sendo investigada, que não somos confiáveis. Nós vamos cobrar isso da Justiça. Ela pegou uma questão pessoal com a nossa equipe e prejudicou uma paciente, com argumentos de que favorecemos pacientes ilustres. Mesmo que isso estivesse acontecendo, ela não tem o direito de impedir que a paciente fosse transplantada?, afirmou o médico.
O subsecretário, por sua vez, alegou que a coordenadora da Central de Transplantes verificou a fila do Sistema Nacional de Transplantes, e constatou que havia uma paciente, de número 80, apta a receber o órgão, mas, de acordo com a equipe da UFRJ, a paciente não tinha feito todos os exames necessários. O problema é que quando não são feitos todos os exames, o nome não pode constar na lista como ativo. O Sistema Nacional de Transplantes afirmou que, do número 80 ao 253, não é possível verificar quais são os doadores compatíveis, mas que eles poderiam existir. Então, nesse contexto, a doutora Ellen estava respeitando uma fila. Pinheiro disse que caberia ao Fundão retirar o número 80 da fila, ou ao Sistema Nacional de Transplantes indicar quem seria o substituto do número 80.
?Nós estamos acompanhando a paciente desde o início. Ela não deveria estar na posição 253. Provavelmente, ela estaria na posição 20, 25. Isso porque eles não estão atualizando os exames. Esse sistema de gravidade é dinâmico. Independente disso, nós, como médicos, temos o dever de colocarmos um órgão em um paciente que seja compatível?, protestou Ribeiro.
Além de Jânia, outras 1.194 pessoas esperam por transplantes no Rio. São 300 pacientes que necessitam de cirurgias com urgência. De acordo com Joaquim Ribeiro, apenas 90 foram atendidos no ano passado.
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