quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Algumas coisas são difíceis de entender.

Em alguns fóruns de comentários, algumas pessoas mostram sua indignação. "Saiu barato", "A Justiça não funciona mesmo", "Deve ter levado dinheiro"...

Antes, todos denunciavam e execravam esses médicos da equipe de transplantes do Fundão com base nas declarações do Ministério Público Federal.

Agora, o MPF propõe multa (?) ou delação.
Os denunciados optam por multa.
João Ricardo Ribas Jr: "Não há o que delatar".

E, agora, vem a condenação ao Ministério Público Federal, porque a justiça não funciona. Mas basearam toda a sua ira contra o Dr. Joaquim e sua equipe justamente no que dizia o Ministério Público Federal.

No ritmo em que produzimos e reproduzimos notícias no mundo de hoje, vemos que o problema do contraditório não é moral, político, legal etc...
É de tempo.
E disponibilidade de gente para apurar.
E de fazer perguntas.

Segue matéria de O Estado de S. Paulo.

Estado de São Paulo 07/08/2008

Colega diz que médico não manipulou fila de transplante
Grupo Tortura Nunca Mais diz que arbítrio paralisou cirurgias em hospital

Fabiana Cimieri

O cirurgião João Ricardo Ribas Júnior, responsável pela captação de fígados para a equipe do Hospital Clementino Fraga Filho e um dos denunciados na Operação Fura-Fila, disse ontem que nunca participou de quadrilha para desviar órgão. Ele afirmou ter confiança em que o médico Joaquim Ribeiro Filho, preso pela Polícia Federal na semana passada sob a acusação de desrespeitar a ordem da fila de transplantes (e libertado anteontem por habeas corpus), não cometeu nenhum crime.
"Acredito na inocência do doutor Joaquim. Vai haver uma explicação plausível para cada caso", disse ele, em entrevista exclusiva ao Estado, por telefone. Ontem, Ribas Júnior e outros dois médicos da equipe, Samanta Teixeira Basto e Giuliano Ancelmo Bento , fizeram um acordo com o Ministério Público Federal, homologado pelo Juízo da 3ª Vara Federal Criminal, que suspendeu condicionalmente o processo. Ribas Júnior e Samanta terão de doar R$ 10 mil e Bento R$ 6 mil à ONG Pró-Criança Cardíaca. Eles não aceitaram fazer delação premiada. "Não tem o que delatar", disse Ribas Júnior.Para ele, as denúncias surgiram porque existe entre os médicos e os membros da Secretaria Estadual de Saúde e a Central de Transplantes "muita competição e truculência". Mas não quis citar nomes. "Existe uma hostilidade", diz.
Ribas Júnior trabalhou durante sete anos na equipe de Ribeiro Filho, que foi o orientador de sua dissertação de mestrado. Foi o responsável pela captação de um fígado no Hospital Copa D?Or, que seria o terceiro caso de desvio investigado pelo Ministério Público. Pela denúncia, Ribas Júnior teria falsificado o laudo dizendo que o fígado era "marginal" porque o doador sofrera três paradas cardíacas - essa classificação gera critério de excepcionalidade na lista, já que nem todos aceitam receber esse tipo de órgão. A Central de Transplantes não aceitou o diagnóstico e realizou exame histopatológico do órgão, que revelou sua normalidade.
Ribas defende-se afirmando que o doador realmente sofreu as três paradas cardíacas e que seria muito arriscado colocá-lo no primeiro da fila: "Quem é topo de lista tem chance grande de amanhã ou depois receber um fígado ideal, o do jovem de 20 anos com traumatismo crânio-encefálico. Não é bom negócio para ele fazer o transplante com um
órgão que já não era ideal e ainda sofreu com falta de vascularização."

NOTA

O Grupo Tortura Nunca Mais divulgou ontem nota de apoio a Ribeiro Filho, repudiando o que chamou de "flagrante arbítrio". "Sua prisão ocasionou o desmonte repentino do serviço de transplantes no Hospital Clementino Fraga, onde centenas de pacientes esperam por uma chance de vida", diz o texto.

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