terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Realmente, é "polêmico" o que se faz com as palavras

Prestem atenção na manchete de O Globo de 30/11/2010:
"Sérgio Cortes, um gestor de marcas e polêmicas" [grifo nosso]

Agora, vejam o que é dito em trechos dessa mesma reportagem, transcrita abaixo. Por que O Globo atua dessa forma. Médicos honestos, com anos de dedicação ao transplante e ao salvamento de vidas, foram alvo de linchamento. Foram ameaçados pela PF e um deles foi preso sem ter sido ouvido pelo Ministério Público e pela própria PF.

Tudo o que foi dito por essas instituições sem provas e sem direito a defesa foi publicado. Mas, a relação entre o secretário de saúde e defesa civil, Sérgio Cortes, com seu sub-secretário, César Romero, é classificada como "polêmica".

Todos devem ter direito a defesa. Só queríamos entender o porquê desse tratamento diferenciado da parte de O Globo, da PF e do Ministério Público.

Uma das principais marcas do trabalho de Côrtes no Rio - a terceirização da mão de obra na Saúde - encontra forte resistência entre lideranças do setor. Além disso, o modelo de gestão é alvo de investigações: uma delas fez o ex-subsecretário de Côrtes César Romero Vianna Júnior virar réu em processo na 4ª Vara de Fazenda Pública.

Romero foi responsável por um contrato, feito em 2009, com a Toesa Service, para manutenção de ambulâncias, que causou prejuízo de R$ 2,6 milhões ao estado, segundo o MP. E a relação entre os dois é muito mais do que institucional: um documento apreendido pela Justiça, no último dia 10, mostra que Cesar Romero é o representante legal de Sérgio Côrtes. A procuração, em nome do novo ministro, com data de 20 de agosto de 2009, foi apreendida na casa de Cesar, na Lagoa. Na maioria dos contratos para terceirização de serviços na saúde, era Romero - exonerado em maio, após o escândalo vir à tona - quem assinava pela secretaria e, por isso, ele responde a essa ação civil pública.

A procuração dá ao ex-subsecretário de Saúde acesso às finanças de Sérgio Côrtes. Ele está autorizado a endossar e receber cheques em nome do secretário, por termo ou alvará, junto à Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil ou qualquer outra instituição. Romero também tem poder para representar Côrtes extrajudicialmente em qualquer órgão público ou privado. O documento também permite que Romero, réu em processo da 4ª Vara de Fazenda Pública tenha, em nome do secretário, "amplos, gerais e ilimitados poderes" em uma investigação da Delegacia Fazendária da Polícia Federal, na qual Côrtes está envolvido.

Na esfera criminal, o MP denunciou, neste mês, uma compra de 22,4 milhões de unidades de gaze, feita pela secretaria junto à empresa Barrier. Os produtos, de acordo com o MP, tinham valor 84% superior ao do mercado.

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