NOTA DE APOIO E SOLIDARIEDADE AO DOUTOR JOAQUIM RIBEIRO FILHO E À EQUIPE DE TRANSPLANTE DE FÍGADO DO HOSPITAL DO FUNDÃO
Em solenidade realizada no dia 22 de agosto de 2003, no auditório do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, entreguei ao Doutor Joaquim Ribeiro Filho a Medalha Pedro Ernesto, condecoração concedida pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, em virtude da importância social de sua luta para construir nesta cidade o primeiro serviço de transplante de fígado dentro de um hospital público, o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, que passou a ser considerado um centro de referência mundial nessa atividade.
A perseguição política à luta desses médicos já começava naquela época. E ela foi crescendo porque um trabalho dessa envergadura, tendo a frente um cirurgião conceituado no Brasil e no exterior e dedicação ao serviço público, esbarra em muitos obstáculos, como por exemplo, as deficiências do sistema de saúde, a lentidão da burocracia e a incompetência ou interesses contrariados de autoridades.
Diante dos novos acontecimentos volto agora a me manifestar publicamente para reiterar o meu apoio à luta desses médicos e a minha solidariedade, especialmente ao Doutor Joaquim Ribeiro, que foi vítima de uma truculenta operação de forças repressivas do Estado. Foi preso e teve sua honra massacrada pela imprensa sem que lhe fosse dado nem sequer o direito de prestar depoimento no inquérito, mesmo tendo solicitado oficialmente. O delegado não o ouviu e nem mesmo o procurador encarregado do caso. As investigações já duram cinco anos e não provaram nada.
Não podemos aceitar que um aparato policial que busca provas de supostas irregularidades na fila de transplante de fígado faça invasões a um hospital público, com homens encapuzados, portando fuzis, amedrontando médicos e pacientes, como se deu no Hospital Clementino Fraga Filho no período mais recente da investigação. Não podemos aceitar que mais de vinte policiais fortemente armados, apoiados por várias viaturas e um batalhão de repórteres invadam às seis horas da manhã a casa de um médico que já fez mais de quatrocentos transplantes e centenas de cirurgias para salvar vidas, principalmente de pessoas pobres. Um médico que, dedicado ao serviço público, em todos esses anos não acumulou nenhuma riqueza.
Todo o trabalho para criar um centro de medicina especializado e de alto nível num hospital público, assim como a reputação de seus médicos, foram da noite para o dia deslegitimados diante da opinião pública. Os danos morais que atingem os médicos se estendem aos seus familiares. E, desastrosamente, repercutem sobre as campanhas de doação de órgãos. Vamos exigir que haja a reparação de todos esses danos por parte dos responsáveis e envolvidos nessa ação arbitrária do aparato policial e da mídia.
Vamos solicitar que o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro se pronuncie, vamos pedir que os sindicatos dos médicos se posicionem, que a OAB e a ABI se manifestem – como fez o Grupo Tortura Nunca Mais – sobre as irregularidades do processo e sobre a irresponsabilidade e sensacionalismo com que a imprensa tratou o caso.
Estamos juntos nessa luta!
Que todo apoio e solidariedade ao Doutor Joaquim Ribeiro Filho seja enviado para o blog: www.transplantevida.blogspot.com.
ELIOMAR COELHO - PSOL
Vereador da Câmara Municipal do Rio de Janeiro
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