sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Tânia Vergara

Foi com imensa tristeza que acompanhei, no dia de hoje, os noticiários. Uma equipe médica de alto padrão foi desmoralizada, publicamente, por todos os meios de comunicação.

Assisti a entrevista do Policial Federal dizendo que a prisão do Dr. Joaquim e o indiciamento de todo o restante da equipe se deveu a denúncias de que haveria recebido quantia superior a R$200000,00 pela venda de fígados e que a equipe toda agia usando pacientes "laranjas", para os quais o fígado não serviria, para privilegiar outros que estavam em posições posteriores da fila.

Caramba, a chamada do SBT repórter foi "Médicos importantes do Rio de Janeiro presos por venderem fígados para transplante", ou coisa que o valha. Um horror! A imagem do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho era o pano de fundo de várias destas reportagens.

Foi terrível ver a imagem do Joaquim, cercado de policiais ser retirado de sua própria casa diretamente para um carro da Polícia. Gente, eu não sou amiga íntima
do Joaquim, embora o conheça há muitos anos, mas, fosse quem fosse, julgado sem direito a defesa, exposto publicamente como um criminoso, carregando com ele o nome de toda a equipe, me deixou aturdida.

Agora, estou vendo o Jornal do SBT e a repórter anuncia na chamada médicos do Rio de Janeiro fraudavam a fila da espera para transplante inserindo nomes de receptores
incompatíveis na lista, dando um aspecto legal a fraude. O fígado então era transplantado em pessoas que pagavam até R$ 250000,00 reais em uma clínica particular de luxo no Rio de Janeiro?.

Até a Samanta, que eu nem conheço, mas, sei ser a clínica da equipe está indiciada, acusada de participar da fraude. Pelo que soube está fora do Brasil. Podem imaginar como está se sentindo? Isso tudo não teria que ser divulgado junto com as provas? Tudo o que foi apresentado como sendo verdade absoluta se baseia em denúncias. E se não for verdade? Como poderão estes colegas se recuperarem, profissional e psicologicamente?

(...) Gente, precisamos olhar para estes casos e pensarmos em nós mesmos como alvos tão fáceis como eles. Enfim, resolvi repartir com vocês a minha perplexidade diante da nossa vulnerabilidade. Acho que todos somos culpados. Culpados por aceitarmos trabalhar por salários aviltantes, sem a menor condição, quase como atores em um conto de fadas, ou melhor, de bruxas.

Independente de "acharmos", ou não, que nossos colegas foram, realmente,culpados pelos crimes pelos quais estão sendo acusados, temos obrigação de nos unirmos contra o achincalhamento de pessoas que ainda nem são réus, mas,já foram colocados na bandeja para serem julgados e considerados culpados por todos.

Tânia Vergara- médica. CRM 52-28505-8

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