Quem somos?
Dez filhos de um casal nordestino, que emigrou para o Rio de Janeiro, em 1955. Criados no mais absoluto rigor de honestidade e de solidariedade, ouvíamos de nossa mãe, diariamente: “estudem, essa é a herança que vocês vão receber”. Essa a orientação que recebemos: estudar, trabalhar e ajudar uns aos outros.
Joaquim, segundo filho e o mais velho dentre os homens, sempre ajudou nossa mãe no cuidado com os menores, pois papai, Procurador Autárquico do extinto Instituto do Açúcar e do Ácool, viajava muito para trabalhar. Ribeiro, como intimamente o chamamos, estava sempre disponível para nos ajudar, fosse nas tarefas escolares, ou para atender aos nossos mais diversos pedidos. Era comum vê-lo, nos fins de semana, levar cinco ou seis irmãos pequenos para a praia em Ipanema, onde ele, adolescente, passava suas horas de lazer cuidando dos irmãos. Nas férias de julho, ocupava-se organizando campeonatos de futebol de botão – era uma maneira de ajudar mamãe e nos manter ocupados. No Dia de São Cosme e Damião, fazia a partilha dos doces que arrecadávamos, para que nenhum irmão ganhasse mais do que o outro...
Assim crescemos... estudando e trabalhando. Quando um precisa, todos acodem em seu favor. Tornamo-nos uma família coesa. O problema de um é problema de todos.
Alguns seguiram a vida pública, como servidores aprovados em concursos, outros, a iniciativa privada... mas o respeito aos princípios éticos, que recebemos de nosso pai, hoje com 86 anos e de nossa mãe, com 79 anos, sempre foi nossa maior característica. Aqueles que nos conhecem, podem confirmar o que digo...
O Joaquim dedicou-se à medicina, especializando-se em Paris. Certa vez, após seu retorno ao Brasil, perguntei-lhe porque não havia ficado na França, já que recebera vários convites. Ao que me respondeu que voltara porque, primeiro, achava que tinha um compromisso com a saúde pública do Brasil, já que concluíra o curso de medicina em faculdade federal; segundo, porque não seria feliz vivendo longe da família.
Sempre insistimos para que se dedicasse, exclusivamente, ao consultório particular, mas essa nunca foi sua opção. Hoje, ele sofre uma injusta perseguição, talvez porque não se calou frente à falência do sistema de saúde pública do Rio de Janeiro. Aqueles que deveriam defender a sociedade para que esse sistema voltasse a funcionar, optaram por elegê-lo como “bode expiatório” e desviar a atenção da população para o real problema pelo qual passa a Central de Transplante do Rio – cuja administração não é responsabilidade do Joaquim.
Enfim, quem somos?
No momento, uma família, composta por 43 pessoas, imbuída de um único compromisso: provar a inocência de nosso querido Joaquim.
Lúcia de Fátima Ribeiro Magalhães (irmã)
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