quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Que fila era essa?! Quem a denunciou está preso?

A matéria do GloboOnLine Secretaria lança serviço 0800 para pacientes de fila de transplante marcarem exames, publicada em 06/08/2008 deixa claro que a fila de transplantes no Rio de Janeiro é, para dizer o mínimo e de modo brando, desatualizada em nomes, dados, estado do paciente e, sobretudo, nas posições/ordem na fila vs gravidade do paciente (de acordo com a escala Meld). Matéria similar saiu em outros jornais.

Dr. Joaquim Ribeiro já havia alertado para essa situação inúmeras vezes. O secretário de saúde e o coordenador do Rio Transplante sabiam de suas denúncias nesse sentido e da perda recorrente de fígados passíveis de serem usados em transplantes devido a essa situação.

O compromisso do Dr. Joaquim de salvar vidas se manteve mesmo diante desse quadro caótico. Sua perserverança e suas denúncias só podem ser louvadas. Mas o acusado é ele - de ter se aproveitado da situação que denunciou para salvar vidas (e não para ganhar dinheiro indevido porque isso não está na denúncia do MPF), seja usando mais um fígado que iria ser jogado no lixo (caso do Sr. Carlos Augusto Arraes, em 2007) seja usando um fígado marginal em um transplante feito em hospital público (caso do Sr. Jaime Ariston, em 2003).

Será muito esperar que a imprensa se dedique a investigar minimamente os fatos, ouvir os acusados e envolvidos, analisar a coerência e (falta de) lógica interna de todo esse enredo de incompetência pública e heroísmos privados?

O que foi e está sendo feito com o Dr. Joaquim Ribeiro e sua equipe é um retrato assustador do triste país em que vivemos. Hoje, infelizmente, a imprensa é parte essencial do problema, ao se recusar a investigar com isenção acusações levianas, denúncias sem fatos, o histórico profissional e pessoal do Dr. Joaquim, a situação e os problemas concretos da fila e dos hospitais de transplante de fígados (e outros) no Rio, e as motivações de cada ator nesse enredo macabro.

Resta saber se a imprensa pode ter outro papel nesse enredo. E o que podemos continuar fazendo para sensibilizá-la a tal.

(Marcelo Villar)

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